quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Tema: Diversidade Étnico-Racial e Cultural Afro-Brasileira e Africana



Oficina: A CASA DA FLOR - UMA ARQUITETURA POÉTICA


“Não sei o que tenho eu com os cacos... Quebra um prato, eu fico tão contente que me dê um caco, depois eu transformo o prato numa flor. Fico tão satisfeito. Aí tem um mistério na minha vida que eu mesmo não posso compreender.”
Gabriel Joaquim dos Santos

Rio de Janeiro. São Pedro da Aldeia. Uma pequena casa. Uma jóia. Obra-prima da arquitetura espontânea, construída por inspiração de sonhos e devaneios de um homem pobre, negro e semi-alfabetizado.  a Casa da Flor, obra de Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985), simples trabalhador nas salinas, filho de uma índia e de um ex-escravo africano.
Desde criança, Gabriel, de temperamento artístico pronunciado, pressentia que teria que viver sozinho para dar vazão a sua grande criatividade. Já rapaz, em 1912, começou a construção de uma casa, próxima ao lar da família: pequena, de pé-direito baixo e três cômodos apenas - sala, quarto e depósito para guardar quinquilharias. Lentamente, a medida que ia conseguindo o material, foi erguendo a casa de pau-a-pique, utilizando também, pedras para o assoalho e algumas paredes.
Sonhador anteviu um dia, em 1923, enquanto dormia a imagem de um enfeite que embelezava a sua casa. Que fazer? Desistir do sonho, apagar da memória a visão tão bela que o inconsciente lhe trazia? Como solucionar o problema de não ter recursos para comprar o material necessário, a fim de concretizar aquela visão? Surgiu em sua mente uma ideia, que de tão bizarra fez com que muitos parentes e vizinhos passassem a olha-lo com estranheza no início da tarefa a que se dedicou ate morrer, 63 anos depois: usar o lixo abandonado nas estradinhas da região, garimpar nesses montes de detritos - de que todos se afastam - cacos de cerâmica, de louça, de vidro, de ladrilhos e de toda uma série de objetos considerados imprestáveis para o uso, tais como velhos bibelôs, lâmpadas queimadas, conchas, pedrinhas, correntes, tampas de metal, manilhas, faróis de automóveis... Sabiamente, ele comentava que fez uma casa "do nada".
Sempre inspirado por sonhos e devaneios, passou a criar flores, folhas, mosaicos, cachos de uvas, colunas e esculturas fantásticas, que ia fixando dentro e fora da casa. Inventava luminárias com lâmpadas queimadas; nichos para proteção de um osso de baleia e de alguns bibelôs mais bonitos; molduras para retratos fixados na parede; uma estante chamada por ele de "altar dos livros"; bancos e armários de alvenaria, sensualmente aplicados, cobertos de ladrilhos coloridos. Gravava ou moldava com cimento inscrições para assinalar os trabalhos mais significativos... Uma composição de riqueza plástica surpreendente, o barroco intuitivo criado por um artista marginal e solitário. Não havia materiais nobres: o imprestável, o estragado, o feio, o inútil, transformava-se através de seus olhos visionários em matéria preciosa para a criação artística. Verdadeiro alquimista, explicava: "tudo caquinho transformado em beleza".

Metodologia usada para trabalhar com os alunos de 6º ano ao 9º ano:
- Levantamento de pré-conhecimento;
- Explanação do assunto;
- Leitura do texto: A CASA DA FLOR—UMA ARQUITETURA POÉTICA
-Vídeo: A casa da flor;
- Contação da História: A casa da flor, do livro “Gosto de África, Histórias de Lá e Daqui”, de Joel Rufino dos Santos;
- Mostra de imagens da Casa da Flor;
- Debate e avaliação.







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